Pré-ESWC com Insight Ploc

Pré-ESWC com Insight Ploc

 

Saiba como está a preperação da Insight e quais são as expectativas da equipe para a ESWC 2013. 

Faltando apenas seis dias para o início da décima edição da Electronic Sports World Cup, trazemos hoje nossa entrevista com o jogador Fernando "ploc" Silva, jogador da divisão de Dota2 da Insight eSports, equipe que irá representar o Brasil no torneio da modalidade na Copa do Mundo dos esportes eletrônicos.

Primeiramente, para iniciarmos nossa entrevista, peço que você se apresente para a comunidade. Fale um pouco sobre você e sua carreira gamer.

Insight Ploc: Meu nome é Fernando Silva e jogo Dota há oito anos. Passei por diversos times, entre eles o FireGamers e CnB. Creio que sou o único jogador que restou da do pessoal oldschool, da época em que brTT, Polar, Ganso e tantos outros ainda jogavam.

Atualmente vivo do jogo, da renda gerada pelos prêmios que ganho em torneios e das aulas que dou. Larguei uma faculdade e um emprego para me dedicar a isto e creio que foi uma decisão complicada, mas que aos poucos vem dando certo.

A divisão da Insight eSports será a terceira equipe a representar nosso país no torneio de Dota2 da ESWC, que é um dos principais do calendário mundial. Quais são as suas expectativas e a do seu time para a Copa do Mundo do e-sports?

Insight Ploc: Nossas expectativas são as melhores possíveis, apesar das coisas terem fugido um pouco de nosso planejamento inicial, que era treinar muito mais tempo juntos antes de viajarmos para a França. Acredito que temos em mãos a real possibilidade de realizar algo que nenhuma equipe brasileira conseguiu até hoje, que é passar para os playoffs do torneio. Essa é uma das nossas metas.

Na tarça-feira, o comitê organizador do evento divulgou o seed das equipes e também a distribuição dos grupos. A ESWC 2013 não contará com a presença do Na`Vi, atual bicampeão do evento, e Alliance, que venceu o The International passado. Além disso, dando uma olhada nas equipes participantes com base no ranking da joinDOTA, podemos dizer que esse torneio não conta com muitas equipes que podem ser chamadas de bicho-papão, com exceção do Team Empire. Como você analisa esse torneio e o grupo que vocês pegaram? Você acha que dá para a Insight avançar até os playoffs e, talvez, conseguir uma medalha?

Insight Ploc: Eu fiquei bastante chateado quando descobri que a Alliance não iria participar. Esse time é o que mais me identifico e dois de seus integrantes, Akke e Loda, são os maiores exemplos daquilo que acredito como os jogadores ideais para uma equipe.

Com relação aos participantes, Evil Geniuses e 4Friends + Chrilee merecem um grande destaque. Apesar do EG estar com uma line-up nova, eles estão muito bem nos jogos que eu consegui assistir logo são um time que não podemos bobear. Junto a eles coloco também o Team Empire como favoritos a levantar o caneco da ESWC.

O torneio em si será o mais difícil de toda a nossa careira. Com relação ao grupo, considero o meu sendo o mais forte. Mas isso passa longe de ser ruim, já que se conseguirmos cumprir nossa meta (avançar para os playoffs) teoricamente pegaremos times mais tranquilos.

Pelas informações que tenho, todos os times do nosso grupo já estão treinando especificamente para a ESWC já faz um tempo. Sei também que o Muahan, equipe sul-coreana, e o Energy e-Sports, o time sul-africano, já estão na França há uma semana treinando. Isso com certeza é uma desvantagem para nós pois, independente ao resultado, com uma preparação ideal iríamos afiados para a competição. Estamos indo para dar o nosso melhor dentro das nossas condições. No mais, acredito que todo jogo será extremamente complicado e vamos pensar em um adversário por vez. Não teremos nenhum jogo fácil.

Ainda sem Slice, Insight na AGE Campinas

E como vocês estão se preparando para o evento? Ainda faltam oito dias para a ESWC. A sua equipe planeja realizar um pequeno bootcamp na Europa para se adaptar ao cenário local?

Insight Ploc: Nosso planejamento inicial previa vinte dias de treinos, mas por vários motivos acabou não dando certo. Faremos um pequeno bootcamp aqui no Brasil, que deve começar amanhã.

Dentro de alguns dias você estará na Europa, um dos principais polos do Dota2, e lá vivenciará de perto o funcionamento desse cenário e poderá também competir contra equipes de diversas escolas do jogo. Quais aprendizados você acha que pode trazer para ajudar no crescimento do jogo aqui no Brasil?

Insight Ploc: Será um aprendizado único poder jogar este torneio, ainda mais para o Brasil que não possui tradição em levar equipes de Dota2 para jogar esse torneio internacionais - Espero que isso mude em breve!

Acredito que o conhecimento próximo do estilo de jogo europeu será o maior aprendizado. Eu, particularmente, gosto muito do jogo dos russos e suecos, então, ver isso de perto e jogar contra eles, com ping 0, será sensacional. Vejo que tudo o que vou passar lá me dará novas ideias para o novo ciclo da Games Academy

Sem sombras de dúvidas o e-sports brasileiro é carregado hoje pelo League of Legends. Porém, outras modalidades, entre elas o Dota2, vem crescendo bastante com a criação de diversos bons torneios e a chegada de patrocinadores fortes para os mesmos. O que você acha que ainda falta para que nós alcancemos as grandes potências do jogo? E para você o que seria o “cenário ideal” para cogitarmos a possibilidade de ver uma equipe brasileira disputando o próximo The International?

Insight Ploc: Concordo. O League of Legends, desde a sua existência, sempre teve uma estratégia de mercado muito superior a do Dota2 no Brasil. Por mais que exista essa "briga" entre os dois jogos, as pessoas precisam admitir o quão feliz foi a Riot realizando isso tudo em nosso país, fazendo, inclusive, com que bons jogadores do Dota2 abandonassem de vez o barco para tentarem ganhar a vida no LoL, como aconteceu com o brTT.

O Dota2 está crescendo sim, mas de uma forma lenta. O prize pool do CBLoL 2013, o maior campeonato de League of Legends que foi realizado este ano no Brasil bate a quantia de todos os torneios de Dota2 que já foram e ainda vão ser realizados em nosso país. E como a Valve tem uma estratégia de mercado muito diferente da Riot, as coisas acabam por ficar assim.

Na minha opinião faltam três coisas claras para alcançarmos as grandes potências do cenário mundial:

- Maior investimento de empresas no jogo.

- Uma comunidade mais madura e empenhada em apoiar seus jogadores.

- Menos brigas e mais união entre os jogadores que são da elite.

Acredito que com isso, com um incentivo financeiro digno aos jogadores e uma boa estrutura, teríamos tranquilamente uma equipe disputando o próximo The Internacional. Tranquilamente mesmo.

Insight na Batalha dos Games

Muito recentemente começou a ser veiculado na mídia que a Coréia do Sul, através da Nexon, vem recebendo um grande apoio da Valve. Nesses últimos dias a OnGameNet, um dos principais canais a cabo que transmite torneios de e-sports, anunciou que também irá investir pesado no cenário de Dota2. Com isso, as equipes sul-coreanas começam a ganhar espaço no cenário internacional, chegando até a ser convidada para assistir a última edição do The International. Para você por que o Brasil não é, aos olhos da Valve, um mercado atrativo e o que precisamos fazer para nos transformarmos em um?

Insight Ploc: Acho que o Brasil é um mercado atrativo aos olhos da Valve, poderia ser muito mais, porém a própria comunidade da uma travada nisso. Existem vários pequenos exemplos que mostram isso. Você vê várias fanpages no Facebook, das mais diversas, que só se preocupam em postar tirinhas, fotos de mulheres e muitas coisas que não tem nenhuma utilidade, só para gerar mais curtidas. O grande público (a massa) simplesmente ama isso. Mas você não vê uma página se quer se dedicando a conteúdos que realmente tentam agregar algo aos jogadores, fazendo de fato um bom serviço para toda a comunidade - e se um dia isso acontecer, provavelmente essa página não terá ¼ de curtias que essas páginas que postam besteiras possuem. Isso me deixa bastante indignado.

Creio que para nosso país virar a "galinha dos ovos de ouro', precisamos de mais pessoas com boas ideias, que possua pulso firme e peito para executá-las, como tem sido o pessoal da ESL, Arena Gaming e WH E-sports, outros organizadores de campeonatos e equipes de narração que estão buscando a profissionalização em seus respectivos negócios e que dão o seu melhor para a comunidade. Se tivermos cada vez mais pessoas assim, que querem alavancar o cenário competitivo ao invés de apoiar baboseiras, e um público fiel a elas, ai sim a Valve vai ter um ponto de vista melhor em relação ao nosso cenário.

No início de Outubro, o jogador Danylo "KINGRD" Nascimento, que vinha defendendo a Keyd Team e já foi considerado como o melhor Mid do Dota2 brasileiro, anunciou que estava mudando seu foco e que iria começar a competir no League of Legends pela equipe onR Gaming. Esse não é o primeiro jogador que realiza essa troca. O que, na sua opinião, a Valve precisa fazer para mostrar que o seu jogo é mais atrativo e estável financeiramente do que a Riot Games?

Insight Ploc: Sinceramente, no Brasil eu acredito que o Dota2 esteja próximo de um caso perdido em comparação a grandeza do League of Legends. A Riot Games fez uma estratégia absurda e a consolidou em dois anos (ou menos) e é muito difícil vir qualquer outra coisa que derrube a empresa do patamar que ela já se encontra. Creio que a única alternativa para a Valve é que ela injete dinheiro no país, exatamente como a Riot fez e com a mesma competência, para que daqui a algum tempo, com muito trabalho, o Dota2 possa volta a ser o jogo dominante nos MOBAS dentro do Brasil, como era no passado.

Com relação a migração de um jogo para outro, eu acho que isso é algo normal. Quem quer ganhar dinheiro e tentar viver do jogo, o League of Legends é a melhor alternativa hoje. Existe alguns jogadores que vivem única e exclusivamente do jogo e muito bem. O Dota2 é um jogo muito complicado de aprender e chegando a um certo nível se você não tiver alguém para te ajudar, você provavelmente vai ficar parado no tempo enquanto no League of Legends o jogo é um bocado noobfriendly por vários motivos, como a falta de Deny e a facilidade que você tem com sua manapool. Já no Dota2 você precisa fazer alguns cálculos antes de executar um gank ou coisa do tipo. No LoL você dificilmente vai ficar sem mana com um herói caster, exceto que você tenha spammado absurdos em algumas skill (que é uma das intenções do jogo). Dentre essas coisa que cite, existem tantas outras que um próprio funcionário da Riot Brasil me contou, no ano passado na BGS, e sinceramente ali eu compreendi o quão eles foram inteligentes ao criarem um jogo que de fato era para o grande público, pegando desde aos requisitos de PC até tirando certas dificuldades do Dota para que uma maior parcela do público pudesse jogar.

Para finalizarmos, gostaria de deixar esse espaço para você.

Insight Ploc: Quero agradecer as empresas que estão nos apoiando nesse projeto, a diretoria da Insight, que está fazendo o seu melhor para irmos. Gostaria de agradecer também todos aqueles que nos apoiam direta e indiretamente todos os dias. Isso é muito importante.

Dizer que mesmo sem o devido preparo e tempo de treino, estamos indo pra fazer uma campanha digna, torçam por nós!

Grande abraço!

Fernando "ploc" Silva     STREAM
Fabio "Shaolin" Madia     STREAM
Davi "Knot" Alexandre     STREAM
Gabriel "Sp4wn" Prado     STREAM
Breno "Slice" Bertalia     STREAM

 

A TEAMPLAY agradece ao jogador e deseja a ele e aos seus companheiros boa sorte na Electronic Sports World Cup.  


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