EA abre o jogo

EA abre o jogo

Electronic Arts mostra o quanto é díficil licenciar times brasileiros para o FIFA.

A sede brasileira da Eletronic Arts (EA), situada na Vila Olímpia, em São Paulo, atua diretamente com duas funções. Trabalha com a divulgação, publicação e distribuição de jogos para PC no Brasil e na América Latina (menos México) e no desenvolvimento de produtos para celular. Como hoje a bola da vez no meio dos jogos para computador é o The Sims 3, dá para imaginar que as três salas existentes no escritório da empresa tem diversos elementos que fazem referência com o famoso “simulador da vida”, franquia de maior sucesso na história dos games para PC. E foi justamente na sala do meio — talvez, a dos sonhos de qualquer fã de games, com dois Nintendo Wii, um Xbox 360 e um Playstation 3 — que este colunista conversou, na última segunda-feira, com o gerente de marketing da EA Brasil, Jonathan Harris.

A visita, na verdade, foi a caráter profissional, mas, logicamente, era uma interessante oportunidade de poder ouvir, de alguém de dentro da EA, um pouco mais sobre a série FIFA Soccer. Harris, que está aqui desde 1997, quando a empresa chegou ao País, é natural da Califórnia, prefere basquete a futebol, mas, por já ter morado no Rio de Janeiro, admite carinho pelo Flamengo. Obviamente, até pelo silêncio da própria companhia em discorrer sobre as novidades de FIFA 2010, o futuro game da franquia não seria assunto para a conversa. No entanto, foi possível conhecer mais sobre o trabalho da série, fora do Brasil e por aqui e a recuperação da força perante o rival Pro Evolution Soccer (PES).

Vale atentar, por exemplo, às críticas de Harris na organização futebolística brasileira, quando explica que, diferentemente de todas as outras ligas que a EA licencia, é necessário, por aqui, ter o árduo trabalho de ir de clube em clube negociar os direitos de exibição — o que, importante frisar, evidentemente pode acarretar em acordos sem padronização e dificulta inclusive a continuidade do próprio Campeonato Brasileiro no game. Mesmo a empresa rival nos gramados virtuais, em determinado momento, leva uma cutucada. “Não trabalhamos com contratos de exclusividade porque é direito da Konami licenciar determinado time também”, disse ao explicar o não-licenciamento do Internacional na versão 2009 do game. O clube gaúcho, vale lembrar, tem contrato de exclusividade com os japoneses.

Sem mais delongas, acompanhem abaixo a entrevista:

Afinal, pode-se dizer que FIFA retomou a liderança do mercado, ou nunca a havia perdido para a PES/Konami?

Bom, vamos falar sobre o mercado mundial primeiro, porque há uma história aí. Obviamente, FIFA era o primeiro e a mais forte franquia do mundo, o que tem muito a ver com a alcunha FIFA, principal entidade de futebol do mundo. Quando apareceu o PES, o grande benefício era a jogabilidade. Ele (PES) nunca foi um jogo oficial, em nenhum sentido. Eram times criados, jogadores criados, mas tinha uma jogabilidade muito forte, particularmente a partir do Playstation 2. A própria EA reconheceu que a jogabilidade do PES era melhor, em comparação a FIFA. Durante a principal parte de vida do PS2, foi quando o PES tomou conta. Bem… Assim, as vendas eram comparáveis, ninguém chegou a vender tão mais que o outro.

Como avaliar essas vendas, então?

É importante entender que a divisão de quem joga FIFA e quem joga PES é muito regional. No Reino Unido, por exemplo, FIFA sempre foi muito forte, acho que muito a ver com o jogo sempre ter tido seu conteúdo em inglês. Hoje, você tem as quatro primeiras divisões inglesas, por exemplo, podendo ser escolhidas. Em outros países, PES é mais forte, como no sul da Europa, Espanha e na Itália. Isso tudo foi basicamente no PS2.

E no PS3, como foi a retomada?

Quando chegamos nessa geração next-gen (Xbox 360 e PS3), a equipe de FIFA reconheceu que realmente era necessário oferecer um novo produto. O estúdio trabalhou muito para evoluir o game, investindo muito em jogabilidade, pois se sabia que, se o jogador queria alguma coisa mais autêntica, ele escolhia FIFA, que sempre se destacou pela autenticidade nos dados. Mas se ele queria uma jogabilidade mais divertida, buscava o PES, já que o FIFA era mais simulador. Com isso, quando FIFA chegou nessa nova geração, a jogabilidade conseguiu melhorar muito. Então hoje o FIFA é reconhecido como o melhor jogo nos consoles da nova geração, o que tem a ver também com o PES não ter evoluído quando chegou nessa next-gen. Os jogadores perceberam isso no FIFA 2007, e no 2008 isso se confirmou, auxiliado por modos de jogo como o 10 contra 10, que é muito forte e que o Pro Evolution não estava oferecendo.

Dentro disso, modos como o “Be a Pro” e o próprio multiplayer 10 contra 10 são tendências?

Acho que é uma evolução natural da experiência de jogo. Se você pega um console next-gen, eles têm uma tecnologia que permitem fazer produtos assim, de uma maneira bem bacana, pensando em trabalho de câmera, capacidade da máquina, avanço em inteligência artificial, por exemplo. Entendendo que o objetivo da EA Sports é oferecer uma experiência cada vez mais realista, o que pode ser mais realista do que jogar com mais nove amigos contra outras dez pessoas? Claro, ninguém quer ser o goleiro! Se você consegue entregar essa experiência de uma maneira realista e divertida, é o mais próximo do que você consegue chegar do futebol real.

A plataforma PC foi a grande alavanca da série no Brasil?

Acho que, no Brasil, o PC ajudou a emplacar o FIFA principalmente porque já era o principal jogo da empresa no País quando nos instalamos aqui, em 1997. E como a empresa só trabalharia com a versão PC por aqui, investiu-se forte no publishing nesse setor. Houve um trabalho muito forte nosso para isso.

O fato de a empresa ter chegado antes aqui ajudou, ou o nome FIFA foi o mais forte para a afirmação?

Creio que há os dois elementos. Ter alguém por aqui, marcando presença e fazendo mídia, ajuda a impactar o reconhecimento da marca, mas não se pode descartar o fato do nome FIFA ser conhecido de todo mundo. E acho que tudo isso fez parte, mas o principal é a questão do licenciamento. A gente reconhece que a marca FIFA traz todos os benefícios da autenticidade. Obvio que a EA Sports trabalhou bem para criar uma marca forte, de nome FIFA, no meio dos games, mas sem dúvida, a marca FIFA ajudou. Imagino que se o nome fosse EA Sports Football, não teria a mesma significância.

Como funciona a questão do licenciamento dos clubes?

Em geral, a EA contata diretamente as ligas. Por exemplo, fala com a Premier League, faz um contrato diretamente com eles e tem acesso aos direitos desses clubes, que pertencem, normalmente, às ligas. Isso é o normal. O Brasil é um caso a parte, é justamente um lugar onde isso não é verdade.

E como é por aqui?

Não existe uma “liga brasileira” de fato, que controle os direitos dos times. A CBF tem direito em relação ao Brasileirão, mas não em relação aos clubes nesse sentido, e não pode, por exemplo, vender os direitos do Flamengo para a EA. Tem o Clube dos 13, que até tem alguns poderes de gerenciamento, representação. Mas se você quer usar a marca e o nome oficial dos clubes, aqui, tem que falar diretamente com os clubes para incluí-os no FIFA. Infelizmente, o Brasil é o único país do mundo em que precisamos fazer isso… Na MLS (Estados Unidos), ou na La Liga da Espanha, a gente tem uma equipe que faz contato e acerta os contratos com as ligas diretamente. Aqui, não tem como fazer isso…

Isso explica, por exemplo, o fato de o Internacional licenciado estar disponibilizado apenas no PES 2009?

No caso do Inter, eles fecharam com a Konami um contrato de exclusividade, recebendo um valor absurdamente alto. Mas é um direito que eles (Inter) têm. Nós não trabalhamos com exclusividade nenhuma, em nossos contratos, porque é direito da Konami licenciar determinado time também. Se eles quisessem contatar, por exemplo, o Manchester United separadamente, poderiam, sem problema. Acho que, se a Konami vai licenciar o Inter, ou qualquer outro time, é um direito deles. Como não tem uma liga oficial que possa representar os clubes, cada um faz o que acha que é certo. É a realidade. Então a gente trabalha dentro dessas limitações para contatar o máximo de clubes brasileiros que a gente pode.

Essa falta de gerência dificulta, até a própria divulgação do jogo dentro do Brasil?

Com certeza. Tentar contatar 20 times, um a um, é um nível de trabalho absurdamente alto. Porque não é só negociar preço de contrato, mas ver prazos de contrato, pegar os materiais, uniformes, etc. No FIFA 2009, por exemplo, tentamos 24 contratos, sendo 20 com clubes da primeira e mais quatro da segunda divisão, para assemelhar a liga virtual ao Brasileirão real. Por isso é ideal ter pelo menos quatro equipes na “folga”, para “subi-los” no game. Não é sempre que conseguimos isso, depende muito dos recursos do estúdio. E sempre devemos lembrar que os estúdios trabalham com quase todas as grandes ligas do mundo, não somente a brasileira.

E quando fecham o contrato, como funciona o trabalho com relação aos atletas?

Com os atletas, é um pouco diferente. Com relação à imagem, a gente obtém os direitos junto à FIFPro. Então, os direitos da imagem dos atletas, nesse sentido, são inerentes aos clubes. Mas há algumas limitações. Não pode, por exemplo, apresentar um jogador original único na equipe, ele deve aparecer em conjunto, porque não há contrato com um só indivíduo. Outra coisa: há alguns jogadores que são mais detalhados, e outros mais genéricos. Não dá para ir de clube em clube copiar rosto a rosto, pois são milhares de jogadores no game. Então, o estúdio escolhe os jogadores mais famosos do mundo e faz um trabalho mais detalhado com eles. Para as características dos atletas, temos grupos locais, que trabalham em parceria com o estúdio, contratados pela EA, que tem o trabalho de medir os detalhes dos jogadores e montar a base de dados.

FIFA também foi para o meio manager. O fato de já competir com um jogo firmado no mercado, como o Championship Manager, dificultou o “contato” com o público?

Não. Acho que o FIFA Manager, por ser um jogo mais “cerebral”, tem um público bem atendido, que tem interesse nisso. Realmente, o Championship Manager já estava muito forte, e, entendendo que o esse tipo de produto, por seu estilo, é mais voltado ao mercado europeu, até que o FIFA Manager foi muito bem, tanto que continuamos a série. Se você perceber, há poucos produtos que são feitos somente para PC, e esse é o único de futebol que você encontra só para PC. Ele faz uma boa venda, faz o que era esperado dele. E vale lembrar que o FIFA Manager é complementar ao FIFA Soccer, e que já tínhamos um jogo de futebol muito forte, que também já teve seu manager mode. Creio que quem quer a experiência completa do futebol, vai para o FIFA usual. O FIFA Manager é mais voltado a mercados mais particulares, mesmo.

Fonte: EspaçoGamer via Trivela


Comentários

  • #1 · facker

    · 29/06/2009 - 20:10

    0

    up.

  • #2 · w1

    · 29/06/2009 - 20:13

    0

    up :)

  • #3 · card9817

    · 29/06/2009 - 20:42

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    jogabilidade pes > fifa sempre , mais ambos são nices

  • #4 · Flach

    · 29/06/2009 - 21:18

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    os *** nem pra le, ja vem comenta
    meu deus

  • #5 · skysoul [t]

    · 29/06/2009 - 22:04

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    eh soh pra ser o primiero a comentar hahaha
    Championship Manager era féra, agora eh soh FM

  • #6 · Leaphar

    · 29/06/2009 - 22:15

    0

    the sims franquia de mais sucesso na história do pc?
    eita, jamais imaginaria...
    e Championship Manager era demais... não mostrava os lances mas qdo piscava na hora do gol era o auge... bons tempos, jogava com um amigo
    mas hj nao tenho mais paciencia pra jogar tanto esses jogos 'offline'.

  • #7 · vacaaa

    · 29/06/2009 - 23:08

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    O FIFA DO PC EH UMA PIADA, PORT porco do fifa do ps2, ao contrario do fifa nextgen que fica soh no 360 e ps3 mesmo, pena.

  • #8 · ioKKon

    · 30/06/2009 - 00:00

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    10 v 10 eh muito massa! o problema eh q os jogadores da defesa sempre querem atacar tb o que acaba destruindo o sistema tatico.
    No dia que tiver campeonatos 10vs10 vai ser muito ***!!

  • #9 · bin

    · 30/06/2009 - 00:16

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    finalmente fifa > pes :D

  • #10 · tp.marc

    · 30/06/2009 - 00:19

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    up rnt :)

  • #11 · bkrZAO

    · 30/06/2009 - 00:57

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    otima entrevista!

  • #12 · BX

    · 30/06/2009 - 04:47

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    pes ta dominando por aqui o cara teve até vergonha de falar ;O

  • #13 · VIT9

    · 30/06/2009 - 06:15

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    Tudo que vem do Brasil é dificil.

  • #14 · Bruno Ramos @ playArt

    · 30/06/2009 - 13:46

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    Na minha opinião, não tem como comparar a jogabilidade do FIFA09 com PES09 seja no xbox360 ou ps3, o FIFA09 arrebenta qualquer tipo de conceito nesses consoles.

    Ps.: Tenho os 2 jogos no ps3, entao eu SEI o q estou falando

  • #15 · gu1d0

    · 30/06/2009 - 14:18

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    pes ou winning eleven com ctz tem uma melhor jogabilidade devido ao fato de o jogo ser limitado a graficos ruins,qto melhor o grafico do jogo mais dificil fica sua jogabilidade,pois intende-se q o jogo fica mais "real".

    FIFA sempre teve melhores gráficos e pior jogabilidade,mas parece que com o tempo eles vieram acertando a jogabilidade (copiando até o PES e w11)e o PES/w11 foi ficando a mesma coisa de 2006/2009 n vi mudancas drasticas como as encontradas no FIFA por isso HJ

    FIFA>PES/w11 com certeza.

  • #16 · tiago

    · 30/06/2009 - 14:25

    0

    pes > fifa

  • #17 · VIT9

    · 30/06/2009 - 20:21

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    prefiro futebol de botão.

  • #18 · ckl

    · 30/06/2009 - 21:54

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    prefiro futebol na rl, coisa que vcs gordinhos nao conseguem fazer... haAHAHAHAHUhaAHUA

  • #19 · and A.

    · 01/07/2009 - 13:16

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    #14 falou tudo, Fifa > PES, já joguei fifa e pes 09 no ps3 e xbox, fifa > nos dois ;]

  • #20 · hmL

    · 01/07/2009 - 16:39

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    FIFA 2008 no xbox jah ganhava do pes no ps2, soh q nego se fecha e nen eh capaz de experimentar fifa, eh igual o #14 disse, fifa ta mto superior des de meados de 2007 ;D

  • #21 · WAZZ-- zoomesportivo.com.br

    · 01/07/2009 - 17:51

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    animal RnT.. parabens pelo trabalho...
    Isso é jornalismo! :)

    invejei rss