Entrevista com SuNo e Winged, jogadores da Keyd Stars

 

Confira quais são as expectativas da dupla sul-coreana quanto ao grande desafio de representar uma equipe brasileira em nosso país.

Poucos dias após a Keyd Team, agora denominada como Keyd Stars, apresentar a contratação da dupla sul-coreana, An "SuNo" Sun-ho e Park "Winged" Tae Jin, além do ex-paiN Gaming, Felipe "brTT" Gonçalves, tivemos o prazer de sermos o primeiro portal do Brasil a realizar uma entrevista exclusiva com o Mid Laner e Jungler dos atuais campeões da BGL Arena de League of Legends. 

Sem deixarmos as trivialidades de lado, por favor se apresente para a nossa comunidade falando um pouco sobre você e sua carreira. 

kStars SuNo: Olá. Me chamo Ahn Sun Ho e sou o Mid Laner da Keyd Stars. Eu comecei a jogar LoL no começo de 2012 e antes de vir para o Brasil eu atuei, também como Mid Laner, pelas equipes sul-coreanas Psw Ares, SK Telecom T1, Samsung Galaxy Ozone e Quantic Gaming, esta competindo nos Estados Unidos.

kStars Winged: Oi. Me chamo Park TaeJin, sou mais conhecido como Winged e hoje atuo como Jungler da Keyd Stars. Venho jogando League of Legends nesses últimos 2~3 anos e antes de vir para o Brasil eu defendi as cores da equipe profissional sul-coreana NaJin Black Sword por três meses.

Jogar no Brasil, um país com uma cultura extremamente diferente da qual vocês estão acostumados e que está a meio mundo de distância da Coréia do Sul, será um dos maiores desafios - se não o maior  - da carreira de vocês. De tudo o que a organização apresentou a vocês dois, o que, em suas respectivas opniões, foi essencial para vocês aceitarem esse desafio? E quais são as expectativas que vocês possuem em nosso país e defender uma equipe brasileira?

kStars SuNo: Sim, esse será um dos maiores desafios que eu vou enfrentar na minha vida e também na minha carreira. Aceitei a proposta feita pela Keyd por achar que ela será uma experiência valiosa para mim, já que vou conhecer outras pessoas e precisarei me adaptar a uma cultura diferente. Estou confiante de que vou obter bons resultados e foi por isso que eu aceitei este desafio. Espero ganhar tudo durante essa minha estadia no Brasil.

kStars Winged: Assim que a Keyd me procurou e me passou a sua oferta, eu a aceitei de bom grado. Estou feliz por estar aqui no Brasil, essa minha passagem por aqui vai ser uma boa experiência de vida. Isso será um grande desafio e ele não vai ser fácil. Vou tentar dar sempre o meu melhor para que, concentrado, eu consiga atingir aos meus objetivos pessoais.

Você ficou assustado em fazer essa grande mudança? E você acha será um grande risco você deixar a capital do e-Sports para um cenário que ainda está em desenvolvimento?

kStars SuNo: Não fiquei assustado e nada rolou, ainda, para que isto acontecesse. Ah. Existe uma coisa que eu posso falar: problema no servidor? Eu creio que isso será resolvido e o cenário brasileiro irá prosperar.

De acordo com o Leaguepedia, a primeira grande aparição por parte das equipes sul-coreanas foi feita no OnGameNet LoL Invitational, torneio este que, por sua vez, foi o primeiro a ser televisionado em seu país. Contando com a participação de quatro equipes locais e também do CLG NA e World Elite, o OGN LoL Invit. foi vencido pela antiga MiG Frost. Desde então, por possuir um estilo de jogo único e jogadores extremamente habilidosos o competitivo sul-coreano tornou-se uma dos melhores do mundo e também um dos mais temidos pelas outras regiões. Na sua opinião, quais caracteristicas que vocês, sul-coreanos, possuem de diferente em relação aos jogadores das outras cenas, que fazem com que vocês sejam melhores do que eles? E quanto ao estilo de jogo, por que é tão diferente dos demais?

kStars Winged: Nós somos o que somos por que nós nos esforçamos muito a praticar, temos um bom calendário de campeonatos e também uma vida interativa. Para um jogador se tonar bom naquilo que faz, ele precisa se esforçar bastante, treinar bastante. Na minha opinião, a prática leva à perfeição. Se cinco jogadores, em qualquer equipe, treinar exaustivamente e ter uma alta ética de trabalho, eles, por sua vez, se tornarão bastante fortes e muito bons jogadores

Há mais de uma década, o e-Sports brasileiro presenciou, quando o Counter-Strike ainda era o seu carro-chefe, a equipe Made in Brazil contratando três jogadores estrangeiros, sendo dois deles grandes nomes da Noruega. Isso ajudou bastante na evolução da equipe e também na evolução do cenário já que com essa troca de informações o mind-game de nossos jogadores se aproximou do das grandes equipes estrangeiras da época. Ao contratar vocês, a Keyd Team pretende repetir a mesma fórmula de sucesso, que rendeu ao MiBR, poucos anos depois, o título da ESWC da modalidade. Assim como BSL, elemeNt e Vesslan fizeram no passado, vocês também ensinarão bastante aos seus companheiros de equipe. Quanto a isto, quais são as primeiras e principais lições que vocês pretendem passar a Mylon, brTT e Loop? E na opinião de vocês, essa troca de informações também será benéfica a vocês?

kStars SuNo: Eu pretendo compartilhar com os meus novos companheiros de equipe a mecânica e o mindgame sul-coreano. A melhor expressão para isto seria “ajudar uns aos outros” e não “ensinar os outros”. Quando eu cheguei ao Brasil eu senti um pouco com a mudança repentina do fuso e também a mudança dos periféricos gamers, além de outras coisinhas. Eu ainda tenho problemas de comunicação com os outros, então eu preciso de muita ajuda para aprender o português.

No LoL, o papel de treinador é muito importante. Embora só tenha se passado uma semana desde que eu cheguei na Keyd House, já considero o Philip como um excelente treinador. Então, assim que nós conseguirmos nos comunicar de forma perfeita e praticarmos ainda mais, nós nos tornaremos a melhor equipe.

kStars Winged: Eu acho que se nós nos esforçarmos o suficente para conversamos entre si e também em aprender a reconhecer os pontos fracos de ambas as regiões e corrigi-los, eu creio que nos tornaremos uma excelente equipe. Vencer ou perder só dependerá de como e quanto treinamos. Eu pretendo ensinar tudo o que sei aos meus companheiros de equipe, para que nós nos tornemos bastante fortes. Eu considero a Keyd uma boa equipe, e continuaremos a treinar forte para que isso não mude. Se a gente conseguir resolver os problemas de comunicação … bem, nós poderemos ser a melhor equipe do Brasil e, talvez, a melhor em um grande campeonato de nível mundial.

Em outro MOBA bastante conhecido, o Dota2, nós vimos, no ano passado, duas grandes equipes europeias, o Natus Vincere e a Alliance, realizando bootcamps na China com a finalidade de aprenderem a jogar contra tais equipes e também contra as do sudeste asiático, que, assim como vocês são no LoL, são bastante temidas nessa modalidade. Tal prática rendeu, para cada uma das equipes, um título  importante no território chinês e as duas melhores posições (1º Alliance / 2º Na`Vi) no mundial de 2013.  Antes das ligas profissionais norte-americanas e europeias serem criadas, nós víamos com relativa frequência as equipes ocidentais duelando contra as orientais em torneios de nível mundial. Você acha que se os grandes times da Europa/Estados Unidos, e até mesmo do Brasil, fizessem esse mesmo tipo de bootcamp contra vocês, e também contra as boas equipes chinesas, a Ásia não dominaria mais o competitivo mundial?

kStars Winged: Eu acho que isso é um modo diferente de esforço. Os jogadores profissionais sul-coreanos vivem, litaralmente, o jogo. Eu vivi neste mundo durante uns três meses e posso te falar que lá os jogadores dormem de 4 à 8 horas e utilizam o restante do tempo para jogar. Lá, os jogadores profissionais chegam até a utilizar o “tempo de descanso” para jogar, treinar. Eu considero isso como o diferencial dos jogadores sul-coreanos e é isso que nos faz sermos tão fortes. Se conseguirmos exceder a eles no que mencionei, acho que podemos superar a Ásia.

Como você bem deve saber, a realidade do cenário brasileiro é aquém do que você está acostumado na Coréia. Aqui no Brasil nós ainda não temos uma liga profissional, organizações sérias e também uma SoloQ que não é levada da melhor maneira possível pelos jogadores. Na sua opinião, isso tudo atrapalha no desenvolvimento do cenário? E, como uma forma de “dica”, seria possível você falar um pouco sobre como sobre como são feitas as coisas dentro do competitivo de seu país?

kStars SuNo: Não. Eu vejo que no Brasil existe muitos fãs e amantes do jogo, o cenário pode evoluir gradativamente, a liga criada e as organizações sofrerem melhorias. Mas os problemas que vi na SoloQ devem ser corrigidos - por conta deles eu perdi a chance de me promover a Desafiante por duas vezes T.T 

Aqui no Brasil nós temos o costume de pedir aos nossos entrevistados que eles façam um breve resumo sobre os seus companheiros de equipe. Mas como o foco de nossa entrevista é a vinda de vocês para o nosso país, eu gostaria de pedir para que vocês falassem um pouco sobre seus respectivos estilos de jogo.

kStars SuNo: Eu prefiro ser estável! Maiores detalhes sobre o meu estilo de jogo poderão ser vistos em minhas próximas disputas!

kStars Winged: Isso vai de caso a caso, da situação individual de cada jogo. Eu tento fazer as minhas escolhas baseadas na composição do time, bem como também no estilo de jogo geral que os meus companheiros se identificam

Graças as streams, hoje é possível nós assistirmos qualquer campeonato realizado pelo mundo. Antes de entrarem para a Keyd vocês, alguma vez, já assistiram alguma equipe brasileira jogando? Se sim, pelo que assistiram como vocês “classificariam” o gameplay de nossas equipes?

kStars SuNo: Eu não possuo a experiência necessária para fazer uma avaliação deste tipo. Eu precisaria jogar contra eles, mas eu acho que meu time vai ser o melhor.

kStars Winged: Não, eu nunca assisti. A minha mudança para o Brasil foi feita muito rápida e eu não tive tempo hábil para isto. Mas posso dizer uma coisa: a Keyd Stars é uma boa equipe.

Para finalizarmos, gostaria de agradecer pela entrevista, desejar boa sorte a vocês nessa nova jornada e deixar esse espaço totalmente livre para as suas considerações finais.

kStars SuNo:  Como estou a poucos dias no Brasil, ainda preciso me adaptar com muita coisa. Eu irei treinar bastante para melhorar o meu condicionamento para que eu possa fazer bons jogos e boas jogadas. Além disso, agradeço imensamente a todos os meus fãs, aos da minha equipe e também aos patrocinadores que tonaram esse sonho realidade - BenQ, NVIDIA, Id820 Arts e SteelSeries.

kStars Winged: Eu vou treinar o dobro para poder mostrar a todos um bom desempenho. Obrigado a todos que me apoiam e torcem por mim. Por favor, continuem nos apoiando que eu mostrarei a todos que vocês não se arrependeram disso. Agradeço também a toda a Keyd e aos patrocinadores da equipe - BenQ, NVIDIA, Id820 Arts e SteelSeries.

 

Top Laner			Matheus "Mylon" Borges			STREAM
Jungler			Park "Winged" Tae Jin			STREAM
Mid Laner			An "SuNo" Sun Ho			STREAM
AD Carryer			Felipe "brTT" Gonçalves			STREAM
Suporte			Caio "Loop" Almeida			STREAM

Com fotos cedidas pela Keyd Team

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Notas do editor 
A entrevista foi realizada antes da disputa do classificatório para a BGL Arena #3
Entrevista traduzida para o inglês por Ricardo Pereira
Entrevista traduzida para o coreano por Passenger Jang, correspondendo sul-coreano do portal internacional GosuGamers

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